domingo, 12 de junho de 2011

A senha

Tal dia é o batizado, assim recebeu o convite da amiga para a cerimônia religiosa na igreja local. Ao ser comunicada desta forma, desencadeou, nela, um processo de negação e foi fundo ao passado.

Lembrou-se de Gilberto Alencar em seu livro Tal dia é o batizado, o romance de Tiradentes; o título era a senha usada para avisar aos conjurados do dia em que devia explodir a revolta em Minas Gerais. Com certeza, sua amiga conseguiu o feito não conseguido por eles devido a traição de Joaquim Silvério dos Reis. 

Após cientificar-se de que nada a comprometeria nas entrelinhas deste blog, contou-me: o batizado  a colocaria  frente a frente ao pai da criança com quem vivera um amor platônico. Isto mesmo, um amor platônico!  Não é uma loucura?

A princípio pensei tratar-se de um caso patológico, desses acostumados a vermos nos romances de Eça de Queiroz, a típica personagem permeável, lembra-se? Bem, não estamos aqui para julgá-la e sim como sua confidente.

Quando me deixou, estava mais tranquila, bolando mil desculpas para não ir a cerimônia. Agora, cá entre nós, como uma frase pôde despertar uma leitora depois de tantos anos em um contexto tão diferente? Não sei em que vai dá isto, só sei que vou tomar uma chuverada de uns vinte minutos, vestir o meu pijama e dormir. Boa- noite!