domingo, 8 de março de 2020

Indigente

Falta o pé,
falta a vida,
falta a fé.

E vai o homem,
desvalido e triste,
alheio e quieto,
rendido e frio.

Falta a casa,
falta o caso,
neste descaso

A guerra

Lá fora o dia,
lânguido e frio,
pálido e triste.
Aqui estou eu,
cética e sozinha.

Lá fora o homem, 
a guerra e o frio,
o caos e a fome.
E o mundo vazio.

sexta-feira, 6 de março de 2020

A chuva

Era verão,
o  dia estava cinzento
e anunciava o amanhecer.
Uma sensação fria invadiu o meu corpo,
não me contive, comecei a correr.
O vento se rebelava e desmanchava os meus cabelos.
Um misto de prazer invadiu o meu ser
e eu me senti molhada,
... começou a chover!

Exílio

Ah amigo, como dói,
saber a tua sorte.
Te ver neste canto,
saber do teu desencanto.
E não poder mais, encantar o teu canto.

Ah amigo, como dói.
Dói te ver neste canto,
jogado ao desencanto
e sem nada poder fazer.

Ah amigo, como dói.
Dói ter que ficar no meu canto,
vendo o teu desencanto.
Sem pelo menos poder,
acalentar o teu canto.

quarta-feira, 4 de março de 2020

O Amiguinho do Gato autor Afonso Celso (1860-1938)

Eu gosto do gato,
que é manso, que é bom.
Se o pelo lhe cato,
que meigo ron-ron!

Se o gato me arranha,
bem caro lhe sai.
E o pobre, se apanha,
não chama seu pai.

Das vis ratazanas,
valente agressor.
Em trocas maganas,
o gato é doutor.

Se a mão lhe estendo,
não vem nem a pau.
Só eu é que entendo
seu doce miau.

Oh, nunca de ingrato,
ninguém me chamou.
Amigo do gato,
serei, fui e sou!

Foi com esta poesia, que escolhi o meu animal de estimação e  me tornei  a amiguinha do gato, citada em meu texto Relembranças/2010.