quinta-feira, 28 de abril de 2011

Reviver

A primeira vez, que deparei-me com ela, foi impossível ignorá-la diante de tanto sofrimento. Com aquela arrogância arrebatadora, impiedosamente sugava minhas forças.

 Apesar de debilitada pude compreender por que tantos a temiam e na vulnerabilidade daquele momento, num gesto de humildade rendi-me a dor.

Passei não aceitar as medicações, arranquei o  suporte de hidratação venosa e fui refugiar-me na capela do hospital. Senti alguém me espreitando e de uma certa forma vitoriosa me estendia a mão. Irritada, eu  já estava rendida, o que mais ela  queria?

Quando retornei ao quarto, sobre o meu leito um jornal (LC) com aquele depoimento, uma pessoa com câncer nas articulações; que não conseguia mais escrever, esforçava-se naquelas linhas trazendo um fio de esperança e fé. Entendi a mensagem e aquela mão segurei. Quero viver!

A senhora furiosa e implacável relutava com a decisão. Quando deixou o meu quarto, pude vê-la sair por meio do feixe de vida que retornava.