Tinha lembranças felizes dessa vida terrena, uma delas o nascimento do filho. Nascera em fevereiro, no momento em que Momo, em sua exuberância, enchia a avenida de sons. Do quarto, da maternidade, podia ouvir os gritos e as batucadas dos foliões.
A criança só veio acrescentar àquele casal, mas como na vida, nada acontece do jeito que queremos, para eles não foi diferente. Veio a separação e ela não exitou, assumiu o papel de mãe/pai e continuou a sua jornada.
Não sei, se por ironia do destino, quando relembrava, orgulhosa, fatos sobre o filho, o toque do telefone trazia a notícia dele, preso por porte de drogas. A sensação descrita, por ela, foi aquela que todos sentimos ao perder um ente querido. Correu ao quarto, pegou o álbum, que com tanto carinho registrara os seus melhores momentos na infância, na adolescência e até então adulto. Com o coração em frangalho, procurava entender o porquê de sua escolha.
Mais tarde, mais calma, refletiu, se ele não havia pensado nela, nos filhos e nem na esposa, então que arcasse com seus próprios atos! Confidenciou-me, não saber se tomou a decisão errada, mas na hora do pesadelo, com uma dor dolorida e silenciosa, optou pela sua paz. Não lhe deu ajuda financeira, nem o visitou.
Quem sabe, dentro de uma cela poderá refletir melhor sobre suas escolhas?
Que coragem!