sábado, 4 de dezembro de 2010

A pianista

    O ônibus parou, o motorista gentilmente indicou-lhe a rua. Tirou da bolsa a agenda, conferiu o endereço. Olhou para aquele confortável sobrado e adentrou-se pela escada. A professora de música lhe aguardava no topo da escada, ali, estava ela vencendo mais uma etapa.
     O piano era o instrumento o qual  pretendia fazer a sua iniciação  musical. Embora a professora fosse do Conservatório, de formação técnica em piano, usava o teclado para as suas aulas. A princípio, tentou de todas as formas convencê-la que o que queria mesmo, era aprender no piano.
      D. Sandra estava irredutível, pois, para ela, ambos os instrumentos tinham teclados iguais. Se esta colocação viesse de um leigo, seria bastante compreensível, mas vinda de uma erudita, mostrava o despreparo e a falta de conhecimento, a decepção foi visível em seu olhar.
      Resolveu, por direito e até por defesa própria, defender o piano, fez colocações brilhantes. Falou sobre as diferenças entre os instrumentos como: a colocação das claves, o físico, o som, a postura e o ser pianista e não tecladista. Foi um belo discurso mas não convincente.
      Olhou para frente, viu o que a levava, ali, era a preparação para ingressar no Conservatório e resolveu ceder a este desafio. Sentou-se diante do teclado, posicionou-se,  os seus dedos deslisaram sobre as teclas  deixando-se ouvir as suas primeiras notas musicais: dó... ré... si.. dó...
       ... E o princípio era  o cravo e o piano era o sonho e o teclado é que se fez instrumento.