sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Dia dos Namorados
No outono, os bancos laterais direitos, de um ônibus, são os mais procurados devido à incidência de raios solares.Com os cabelos encaracolados, ainda molhados aconchegou-se no primeiro banco e desejosa de que ele nunca chegasse a lugar algum.
O veículo parara em um semáforo, vinham-lhe à mente as últimas cenas violentas, nacionais e internacionais, nas quais envolvidos policiais militares. Não aceitava uma democracia construída em cima da dor de tantas pessoas. Estava absorta, queria compreender o quê levava os homens dessa década à tamanha violência.
Foi arrancada de seus devaneios com murmúrios a sua volta. Enfiou a mão em sua bolsa, a revirou... e nada, muito chateada percebeu que havia esquecido o celular em casa. Ainda viu aquele policial afastando-se, e empunhando um lindo ramalhete de flores. Por um instante, atônita, ela desejou que aquele momento cênico fosse uma manifestação de paz e amor, emocionada o seguiu rua afora.
E do outro lado da rua, assistiu o militar entregando o buquê à amada e aí lembrou... era dia doze de junho, "Dia dos Namorados"! Ah... o amor!